Quis escrever-te amor,
Mas ao buscar as palavras
Que no meu peito eu guardava,
Encontrei-as apagadas,
Dormindo, muito abraçadas,
num desalinho perfeito.
Rasguei o peito em pedaços
Para que o sol lá entrasse
E elas se alvoroçassem,
Mas continuaram inertes,
Mudas e desinteressadas
E eu perguntei o porquê!
Falta de amor, me disseram,
Num sussurro apagado.
Um tempo longo de espera
Sem ver a luz, sem esperança,
Entregues à solidão
Onde o desamor impera.
Pedi perdão e chorei
Contando-lhes as minhas mágoas.
Das primaveras perdidas,
Dos dias tristes, sem sol
E das noites sem luar,
Das saudades acendidas!
Por fim, fizemos as pazes
E abraçamo-nos com ternura.
Demos as mãos e fizemos
Da vida, uma iluminura!
IMAGEM DA NET.