
Que fizeste das palavras?
Que contas darás tu dessas vogais
De um azul tão apaziguado?
E das consoantes, que lhes dirás,
Ardendo entre o fulgor das laranjas
E o sol dos cavalos?
Que lhes dirás,
Quando te perguntarem pelas minúsculas sementes
Que te confiaram?
Eugénio de Andrade
Sim, que lhes dirás?
Falarás da tua incapacidade de as soltar, do teu medo de não saber se elas terão o poder de comunicar, de se apresentar como pedaços de ti, de singrar como um rio de água viva que leve bem longe as sementes
que te confiaram, para que elas germinem e alimentem as bocas de todos os que amam as palavras.
Não tenhas medo, faz a tua sementeira, no teu jeito manso, ou no teu jeito apressado...
Baby