Desolada, busco na memória
a lembrança do que foi o toque
da tua pele na minha,
quando me enlaçaste
na primeira dança
e como num crescendo
nos electrizámos
e um fogo alastrou na nossa pele
e se entranhou em nós,
até ardermos por inteiro
enquanto entontecidos
deslizávamos pelo salão.
Quando por fim a música parou
entreabri os olhos e ao buscar-te,
vi-te ainda ardendo numa chama
que se extinguia devagar.
Mergulhei nela sem pensar
e fui ardendo sempre
para a alimentar,
até um dia ser apenas cinza
Quando o fogo se apagar.