domingo, agosto 31, 2008

CINCO SENTIDOS


Há dias em que não sei
Para que quero eu as mãos,
Se com elas não te sinto,
Quando em silêncio, no escuro,
Eu desenho o teu perfil.
.
E os meus olhos alagados?
Se com eles eu não vejo
A côr da tua paixão
Mesmo quando te procuro
com os outros,
Os olhos do coração.
.
E também perdi o cheiro,
O cheiro que o amor tem,
Subtil e doce
Que eu lembro,
Intenso e acre, também.
.
Não ouço o canto dos pássaros,
Nem o vento
que me açoita com desdém
E me rouba as palavras sussurradas
Que a saudade constroi nas madrugadas.
.
E o gosto que a vida tem?
Não lhe encontro nenhum gosto,
Perdi o gosto,
Também.
Imagem tirada da net.

segunda-feira, agosto 25, 2008

FRAGILIDADES

Amo a v ida,
ainda que frágil.
Agnalda

quarta-feira, agosto 13, 2008

ESCREVER

Escrever
É soltar os pássaros
Feitos prisioneiros no infinito do meu eu,
É dar-lhes asas
Bordadas de mil letras
Ora brilhantes,
Ora escuras como breu.
É construir palavras
Unidas pela mão,
Que partem em silencio
E me expõem,
Nua e indefesa
Perante a multidão.
É mostrar
A quem me quiser ler
Os sonhos incompletos e rasgados
Sonhados nas noites sem te ter,
Os risos desgarrados
Chorados sem querer
Quando sofrida tento reverter
As dores que me incendeiam,
Pintando no meu rosto
Um simulacro de prazer.
Escrever
É gerar um filho nas horas de lazer,
É soltá-lo no mundo
Feito livro p'ra se ler
Livro onde se esconde a luz branca do luar,
Mas também a noite escura
E as cores do alvorecer.
Onde há sonhos por sonhar
E tantas horas de amargura.
Onde há dias por viver
Na espera dum só dia
Com mil pássaros a voar.

quarta-feira, agosto 06, 2008

É A MANHÃ CHEIA...



É a manhã cheia de tempestade

no coração do verão.

.

Como lenços brancos de adeus viajam as nuvens

que o vento sacode com viageiras mãos.

.

Inumerável coração do vento

pulsando sobre o nosso silêncio apaixonado.

.

Zumbindo entre as árvores, orquestral e divino,

como uma língua cheia de guerras e de cantos.

.

Vento que leva em rápido roubo a ramaria

e desvia as flechas latentes dos pássaros.

.

Vento que a derruba em onda sem espuma

e substância sem peso, e fogos inclinados.

.

Despedaça-se e submerge o seu volume de beijos

combatido na porta do vento de verão.

Do livro Vinte Poemas de Amor

e

Uma Canção Desesperada

de PABLO NERUDA

Rosas

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