segunda-feira, dezembro 27, 2010

MAIS UM NATAL

Senhor, obrigado
por mais um Natal.
Por tudo o que tenho.
O beijo dos filhos.
O riso dos netos.
O calor dos amigos.
O amor dos afectos.
As pernas que andam.
Os sons que eu escuto.
Os braços que abraçam.
As mãos que se estendem.
Perfumes que eu sinto.
O doce que eu gosto,
dizendo cuidado
com o amargo que há.
Senhor obrigado
por mais um Natal.
E tantos presentes
que sem custar nada
me fazem feliz.
Ser livre de ódio.
Saber-me finito.
Guardar humildade.
Cuidar-me da glória
que passa depressa
e às vezes faz marcas
profundas, doídas.
E crer noutra vida,
essência do homem,
milagre de Ti.
Senhor obrigado
por mais um Natal.(...)

Mendes Ribeiro
Imagem da net

sexta-feira, dezembro 17, 2010

quarta-feira, dezembro 08, 2010

CONVITE





O Grupo dos Amigos de Lagos, na continuação da sua meritória acção de divulgar a poesia e os poetas da cidade lança em colaboração com a Câmara Municipal de Lagos a V Edição do livro

5 Poetas de Lagos

O evento vai ocorrer na Biblioteca Municipal Dr. Júlio Dantas de Lagos, dia 12 de Dezembro pelas 17H00

Será um privilégio e enorme prazer para o Grupo dos Amigos de Lagos e para os poetas lacobrigenses contar com a Vossa presença no evento.


Até Domingo

terça-feira, novembro 30, 2010

ESPERANÇA




Tantas formas revestes, e nenhuma
Me satisfaz!
Vens às vezes no amor, e quase te acredito.
Mas todo o amor é um grito
Desesperado
Que apenas ouve o eco...
Peco
Por absurdo humano:
Quero não sei que cálice profano
Cheio de um vinho herético e sagrado.


Miguel Torga, in 'Penas do Purgatório'

domingo, novembro 21, 2010

QUANDO OS PEIXES ERAM VERDES

Relendo e revivendo EUGÉNIO DE ANDRADE

Já gastámos as palavras pela rua, meu amor,
e o que nos ficou não chega
para afastar o frio de quatro paredes.

Gastámos tudo menos o silêncio,
Gastámos os olhos com o sal das lágrimas,
Gastámos as mãos à força de as apertarmos,
Gastámos o relógio e as paredes das esquinas
em esperas inúteis.


Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada.
Antigamente tinhamos tanto para dar um ao outro;
era como se todas as coisas fossem minhas:
quanto mais te dava, mais tinha para te dar.
Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes
e eu acreditava,
porque ao teu lado
todas as coisas eram possíveis.


Mas isso era no tempo dos segredos,
era no tempo que o teu corpo era um aquário,
era no tempo em que os meus olhos
eram realmente peixes verdes.
Hoje são apenas os meus olhos.
É pouco, mas é verdade,
uns olhos como todos os outros.


Já gastámos as palavras.
Quando agora digo: meu amor,
já não se passa absolutamente nada.
E no entanto, antes das palavras gastas,
tenho a certeza
de que todas as coisas estremeciam
só de murmurar o teu nome
no silêncio do meu coração.


Não temos já nada para dar.
Dentro de ti
não há nada que me peça água.
O passado é inutil como um trapo.
E já te disse: as palavras estão gastas.

Adeus.

Poema  ADEUS
de Eugénio de Andrade

Imagem encontrada na net

sexta-feira, novembro 12, 2010

BRANCURA





Compreendo que não tenhas tremido quando a tua mão

deslizou pela página, deixando as linhas em branco. Nada do que

não escreveste está errado; nem o nada que leio, linha a linha, me

obriga a corrigir o que quer que seja. Nem riscos a vermelho,

nem notas à margem: o branco obriga ao branco e de uma ponta

à outra é este branco que eu tenho pela frente, sem nada para

ver além das próprias linhas azuis como linhas de horizonte

nesse mar que é a tua cabeça vazia. Mas obrigas-me a partir

para dentro dele, com o batiscafo das profundezas, em busca

do que se esconde sob o teu branco. Talvez fosse melhor olhar-te

nos olhos e descobrir no centro da íris esse espaço, a que uns

chamam o abismo de si, onde se decide o que há para fazer

quando o papel está vazio, e só a mão que escreve pode fazer

alguma coisa para transpor as linhas que se abrem, rectas

e azuis, pela frente do que não sabes. E entregas a decisão ao nada,

o que talvez seja a mais sábia das decisões para quem está perante

o que não escreveste, sem saber ao certo se o branco pode ser uma

resposta ao que te perguntaram, ou se és tu que transformaste

em nada tudo o que aprendeste. Desço, assim, ao fundo do mar, por entre

as linhas que deixaste em branco, para me esquecer de tudo o que sei.




De Nuno Júdice

EXAME EM BRANCO
in A matéria do poema

Imagem encontrada aqui
marimauraraiodeluz.blogspot.com

quinta-feira, novembro 04, 2010

AMANHÃ

Amanhã

o amor virá ao meu encontro
exuberante de paixão
e de desejos incontidos.
Chegará com a aurora
envolto em sua rubra cor
e ao tocar-me o coração
o dia romperá, numa explosão,
mostrando todo o seu esplendor!

Gritarei teu nome
sobre a terra frágil
e lumes se acenderão
trespassando o espaço
que até então nos separara.
Tu virás com teus olhos mudos
e  teus braços abertos
e me prenderás no teu abraço.

Mil aves enfeitarão os céus
resplandecendo sob a luz do sol
e as palavras brotarão em nós
como murmúrios renascidos
que subirão de tom
como asas que se abrem
para o seu primeiro voo,
impulsionadas por melodioso som.

Imagem colhida na net

quarta-feira, outubro 27, 2010

ROSEIRAL


                                Foi para ti que criei as rosas.

                                  Foi para ti que lhes dei perfume.

                                 Para ti rasguei ribeiros

                                  e dei às romãs a cor do lume.
          
Eugénio de Andrade



terça-feira, outubro 12, 2010

À RÉDEA SOLTA


Nunca mais a busca angustiada de palavras
que dancem com a rima
num ritmo alucinado.

Seu mundo é à rédea solta
sem métrica nem significado.
Respirando poesia
e voando sem escolta,
são presa fácil do louco
que as arruma,
pouco a pouco
ao sabor do seu sentir.

O que sabem as pessoas
dos versos que os loucos fazem?
são uma mistura tamanha
de alegrias e ais sentidos
de momentos de ilusão
e amores incompreendidos
de beijos leves e doces
e guerras sem fim à vista.

De horas de desalento
e palavras de paixão
de uma doçura envolvente
mas que matam sem ter dó,
outros loucos que à partida,
esquecem completamente
que as palavras dum poema
são uma verdade fingida

Foto da Web

domingo, outubro 03, 2010

PAIXÃO

Um olhar trocado
uma palavra não dita
um gesto sonhado
um sorriso esboçado
e quase escondido
e eis que no peito
um alvoroço se instala
e o coração dispara
e bate de um jeito
que o sangue enlouquece
e ondula nas veias
como seara batida
pelos ventos de leste

E são olhos que riem
sonhos que renascem
mãos que procuram
bocas que prometem

É a paixão que desponta
cá dentro da gente
e nos faz sentir
como se do mundo
fossemos o centro

Imagem da web

sábado, setembro 25, 2010

SOU UM SER

"Sou uma filha da natureza:

quero pegar, sentir, tocar, ser.

E tudo isso já faz parte de um todo,

de um mistério.

Sou uma só... Sou um ser.

E deixo que você seja. Isso lhe assusta?

Creio que sim. Mas vale a pena.

Mesmo que doa. Dói só no começo."


Clarice Lispector

Foto da web

segunda-feira, setembro 20, 2010

RIO DE PALAVRAS


Surdo, Subterrâneo Rio


Surdo, subterrâneo rio de palavras
me corre lento pelo corpo todo;
amor sem margens onde a lua rompe
e nimba de luar o próprio lodo.


Correr do tempo ou só rumor do frio
onde o amor se perde e a razão de amar
--- surdo, subterrâneo, impiedoso rio,
para onde vais, sem eu poder ficar?


Eugénio de Andrade

Imagem da web

terça-feira, setembro 14, 2010

NA SOMBRA DOS TEUS DEDOS




Na sombra dos teus dedos
adormeço.

Bato à porta dos sonhos e
estremeço
no calor da tua boca,
sufoco no teu beijo e
desfaleço
fremente como um pássaro
que voa sem ter asas.

E perco-me.

Como um rio sem margens,
vagueio sem ter norte
mergulhada na lembrança
dum tempo esvaziado
onde a vertigem das horas
consumia os dias
e as noites se acendiam
até chegar a alvorada.

Foto encontrada na net

segunda-feira, setembro 06, 2010

NA HORA DO SILÊNCIO


Esta casa tão vazia
Enche-se de penumbra e de tristeza
Quando o sol em agonia
 Tinge tudo de beleza 
Com as cores do entardecer.

É na hora do silêncio
Quando o ambiente se dilui
E a noite principia
Que a tua ausência se mostra, seminua,
Iluminando tudo à volta
Como se em vez de sombra
fosse lua.

Tento ignorá-la, mas em vão,
Insidiosa,
Envolve-me em seus braços de algodão 
E embala-me no colo,
Terna e caridosa,
Cantando-me baixinho,
Até eu adormecer.

Imagem recolhida na net.

quarta-feira, agosto 25, 2010

DESENCONTROS


Este é o amor das palavras demoradas
Moradas habitadas
Nelas mora
Em memória e demora
O nosso breve encontro com a vida



Poema BREVE ENCONTRO
de
Sophia de Mello Breyner Andresen
in O NOME DAS COISAS
Imagem encontrada na net

segunda-feira, agosto 16, 2010

POEMA DA NOITE




A noite avoluma-se

Mergulhada em sombras,

Povoada de medos

E de lembranças acesas,

De bocas exangues

Escorrendo palavras,

De olhos vazios

Querendo enxergar.



É na noite escura

Que o sono se perde

Nas curvas da insónia,

Que as horas se alongam

No chão das memórias,

Que os sonhos se inventam

E no peito se acolhem

Como uma semente que quer germinar.


Foto encontrada na net.

segunda-feira, agosto 09, 2010



A amizade é um amor que nunca morre.

                                 Mário Quintana


                               Imagem encontrada na net

segunda-feira, julho 26, 2010

PORTA FECHADA


Num canto perdido em mim

Guardo os beijos que ensaiei

Nas noites quietas, sem fim

E as palavras que inventei

E te queria dizer

Numa manhã de esperança,

Cheirando ao pólen das flores.



Mas à tua porta fechada

Foram perdendo o esplendor,

O viço, a alma e a cor.

Morreram sem dizer nada

Os ecos do meu passado,

Porque a manhã perfumada

Não chegou a acontecer.

Foto encontrada na net

terça-feira, julho 20, 2010

O MUNDO É UMA MARAVILHA


Procura a maravilha.


Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.


No brilho redondo
e jovem dos joelhos.


Na noite inclinada
de melancolia.


Procura.


Procura a maravilha.

Assim diz Eugénio de Andrade
Imagem encontrada na net

domingo, julho 04, 2010

O RUMOR DA ONDA


Soneto do amor difícil


A praia abandonada recomeça
logo que o mar se vai, a desejá-lo:
é como o nosso amor, somente embalo
enquanto não é mais que uma promessa...


Mas se na praia a onda se espedaça,
há logo nostalgia duma flor
que ali devia estar para compor
a vaga em seu rumor de fim de raça.


Bruscos e doloridos, refulgimos
no silêncio de morte que nos tolhe,
como entre o mar e a praia um longo molhe
de súbito surgido à flor dos limos.


E deste amor difícil só nasceu
desencanto na curva do teu céu.

               David Mourão-Ferreira
Imagem encontrada na web


sábado, junho 26, 2010

Entre os teus lábios
é que a loucura acode,
desce à garganta,
invade a água.


No teu peito
é que o pólen do fogo
se junta à nascente,
alastra na sombra.


Nos teus flancos
é que a fonte começa
a ser rio de abelhas,
rumor de tigre.


Da cintura aos joelhos
é que a areia queima,
o sol é secreto,
cego o silêncio.


Deita-te comigo.
Ilumina meus vidros.
Entre lábios e lábios
toda a música é minha

Eugénio de Andrade

Foto encontrada na web.

terça-feira, junho 15, 2010

CASULO

Abro as portas ao silêncio
Para calar os gritos que não solto,
Para diluir as lágrimas que não choro
E que inundam a transparência líquida dos meus olhos.

Navego então na solidão do meu vazio
Surda aos sons abafados pelo nada,
Cega às cores que fluem, transitórias,
Fechada às lembranças que me assolam
No frio cortante de cada madrugada.

E fico assim, fechada num casulo,
Esperando ganhar asas
Quando um vento, por destino, aqui passar
E num gesto solidário me empurrar
Deixando-me a navegar de novo
No mar aberto dos sentidos.

Foto encontrada aqui  http://www.h2art.com.br/portfolio/3d/casulo02.jpg

terça-feira, junho 08, 2010

DUNAS



Dei-te os dias, as horas e os minutos
Destes anos de vida que passaram;
Nos meus versos ficaram
Imagens que são máscaras anónimas
Do teu rosto proibido;
A fome insatisfeita que senti
Era de ti,
Fome do instinto que não foi ouvido.


Agora retrocedo, leio os versos,
Conto as desilusões no rol do coração
Recordo o pesadelo dos desejos,
Olho o deserto humano, desolado,
E pergunto porquê, porque razão
Nas dunas do teu peito o vento passa
Sem tropeçar na graça
Do mais leve sinal da minha mão.

Miguel Torga

Imagem da web

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domingo, maio 30, 2010

BARQUINHO DE PAPEL

Nesta manhã de céu azul, fui à praia e o azul do céu fazia mais azul o azul do mar...então fiz um barquinho de papel igual aos que fazia quando era criança e resolvi carregá-lo com mil recordações que me pesavam na alma e sentindo-me mais leve, corri a lançá-lo à água, enquanto me vinha à lembrança o belíssimo poema de 

CECÍLIA MEIRELES :


Pus o meu sonho num navio
e o navio em cima do mar;
- depois, abri o mar com as mãos,
para o meu sonho naufragar


Minhas mãos ainda estão molhadas
do azul das ondas entreabertas,
e a cor que escorre de meus dedos
colore as areias desertas.


O vento vem vindo de longe,
a noite se curva de frio;
debaixo da água vai morrendo
meu sonho, dentro de um navio...


Chorarei quanto for preciso,
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.


Depois, tudo estará perfeito;
praia lisa, águas ordenadas,
meus olhos secos como pedras
e as minhas duas mãos quebradas.


Imagem da Web

sábado, maio 22, 2010

SAUDADES QUE SABEM RIR


Existem saudades que sabem rir. São as minhas preferidas. Algumas, nascem sabendo. Outras aprendem, depois de transformar o choro.


Como borboletas, voam pelos jardins da memória, abraçam as lembranças mais viçosas, e saboreiam o néctar, sempre disponível, das alegrias perenes.'”

Ana Jácomo

Imagen da web_

segunda-feira, maio 17, 2010

A MINHA RUA

Mudei o nome à minha rua
que antes de bulício se enfeitava
e hoje me aparece sempre nua,
despida de alegria,
indiferente às vozes de quem passa
e à luz que a acaricia,
quando a lua se mostra,
branca e fria.

Com o nome,
foi também o perfume que ela tinha
e a graça que exibia,
essa rua que é a minha,
quando o sol
por lá entrava.

Chamei-a de rua triste,
porque os passos que a alegravam
e a faziam tão festiva,
já não soam na calçada
e há um silêncio que persiste
nas pedras inexpressivas.


quarta-feira, maio 12, 2010

AMARGURA


Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.



Eu não tinha estas mãos sem força,

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra.



Eu não dei por esta mudança,

Tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

A minha face?


Cecilia Meireles
Imagem encontrada na net

terça-feira, maio 04, 2010

UM DIA ESPECIAL



Mais logo, quando acordar,
Quero ser um girassol
E rodar o dia inteiro
Sempre virada para o sol,
Quero brilhar contra o céu
E absorver toda a luz
Que o sol tiver p'ra me dar...

E quando a noite chegar
E eu me deitar na cama,
Serei tocha, serei chama
P'a meus sonhos enxergar...

Foto da web.

terça-feira, abril 27, 2010

MEDO


Tu tens um medo:

Acabar.

Não vês que acabas todo o dia.

Que morres no amor.

Na tristeza.

Na dúvida.

No desejo.

Que te renovas todo o dia.

No amor.

Na tristeza.

Na dúvida.

No desejo.

Que és sempre outro.

Que és sempre o mesmo

Que morrerás por idades imensas.

Até não teres medo de morrer.

E então serás eterno.



Cecilia Meireles
 
Photo Credit Bina Sveda  (encontrada a net)

quinta-feira, abril 15, 2010

INQUIETUDE

Uma inquietude me assola
E me incendeia o olhar.
É a tua voz que ouço
Ou o meu coração a falar?
.
O meu relógio, calado,
Olha os ponteiros sem horas,
Porque o tempo está parado
E se derrama, alucinado,
No nada que à volta existe.
.
Uma inquietude me assola.
Um silêncio que persiste.
.

quinta-feira, abril 08, 2010

COISAS DO AMOR


SE
Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Foto encontradaa net

domingo, março 28, 2010

VOLTAR

Eu quis amanhecer
limpa e renovada
sem feridas abertas
e sem uma só mágoa recalcada,
nem que para isso tivesse que ser rio
e ser levada até ao mar,
p'ra lá ficar a vaguear
até que o sal tudo sarasse
e eu deixasse de ter frio
de manhã, ao acordar.
.
Nessas águas estendi o rol da minha vida
e deixei que se afundassem
as memórias mais pesadas,
salvando apenas uma ou mais sentida
que embrulhei no azul daquele mar
e que vou levar comigo,
como lembrança estremecida,
para saber quem sou
e para onde vou,
de manhã, ao acordar.
.
E quando por fim amanheceu,
foi aquela cor azul
que inundou o meu olhar
e me trouxe de volta até aqui,
onde sempre foi e será o meu lugar.
Fografia encontrada na net em
persefone-hades.blogspot.com

quarta-feira, março 10, 2010

EM BUSCA DO AMANHECER

Vou em busca de um amanhecer
sereno e de neblina vestido
onde encontre o meu verdadeiro ser
e a vida volte a ter sentido.
Não sei o tempo que vou demorar
nem sequer se vou voltar,
as viagens ao interior do eu
são sempre imprevisíveis.
Mas os amigos que aqui fiz
estarão sempre comigo.
Imagem da net

sexta-feira, fevereiro 26, 2010

RENOVAÇÃO


Hoje acordei assim
Leve linda e livre
Querendo enfrentar a vida
E meus sonhos renovar
.
E serei asa
E grão
E rio também
Serei o verde dos campos
E flor ainda em botão
Serei árvore
Serei sombra
E fruto sabendo a pão
Serei chama
E também vento
Serei a luz do luar
Serei chuva
E depois água
Serei barco
Serei vela
Serei guerra
Até encontrar a paz.
Fotografia encontrada na net

quinta-feira, fevereiro 18, 2010

MULHER

Ela mede o fogo
pela alma
.
Faz uma trança de riso
Em vez de lágrima
.
Tece o amor que tem
até aos outros
.
Troca o espírito e a paz
pela coragem
.
Ela teima na esperança
e volta ainda
.
Retoma o fio de prumo
com que traça
.
A linha da vida
que assume
.
Dispondo do avesso
até à face
.
Ela põe e repõe
o seu destino
.
Vai mais longe
naquilo que disfarça
.
Ela ousa o coração
e reafirma
.
Bordando o arco-íris
do que é frágil
.
Maria Teresa Horta
Fotografia encontrada na net

terça-feira, fevereiro 02, 2010

A FLOR DE AMENDOEIRA




De uma beleza singela

e brancura imaculada,

a flor de amendoeira

de rosa púrpura raiada,

torna o campo uma aguarela

quando floresce, altaneira.


Baby

Foto de Baby

terça-feira, janeiro 19, 2010

CANÇÃO



Canção

Tu eras neve.
Branca neve acariciada.
Lágrima e jasmim
no limiar da madrugada.
Tu eras água.
Água do mar se te beijava.
Alta torre, alma, navio,
adeus que não começa nem acaba.

Eras o fruto
nos meus dedos a tremer.
Podíamos cantar
ou voar, podíamos morrer.

Mas do nome
que maio decorou,
nem a cor
nem o gosto me ficou.
Eugénio de Andrade
Foto encontrada na net

quinta-feira, janeiro 07, 2010

LUAR

Agora que tu chegaste
e o Novo Ano também
põe a minha mão na tua
acerta o passo com o meu
e vamos a pé para a lua
mergulhar na luz que ela tem...

Rosas

Rosas
Especialmente para ti, amigo visitante

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