Tropeço nas sombras espalhadas pelo chão,
quando caminho, alheada, pela casa vazia,
buscando um sentido na vida
a que possa dar a primazia
e no meu deambular,
folheio as palavras que guardei no peito
e escolho as mais marcantes,
que vou soltar ao vento
quando, num impulso,
abrir as portas à brancura da manhã.
Fico a vê-las partir, libertas,
como pétalas transparentes,
que sobem devagar,
voluteando graciosamente,
até que, desgarradas e já apenas sílabas,
caem, sem ruído, como sementes,
no chão verde desta terra fértil,
que as acolhe com o coração aberto
e onde um dia serão flor e depois fruto,
que bocas atentas colherão
e porão de novo a descoberto.
Imagem colhida na net.