sexta-feira, dezembro 04, 2009

CREPÚSCULO


Também este crepúsculo nós perdemos.
Ninguém nos viu hoje à tarde de mãos dadas
enquanto a noite azul caía sobre o mundo.
.
Olhei da minha janela
a festa do poente nas encostas ao longe.
.
Às vezes como uma moeda
acendia-se um pedaço de sol nas minhas mãos.
.
Eu recordava-te com a alma apertada
por essa tristeza que tu me conheces.
.
Onde estavas então?
Entre que gente?
Dizendo que palavras?
Porque vem até mim todo o amor de repente
quando me sinto triste e te sinto tão longe?
.
Caiu o livro em que sempre pegamos ao crepúsculo,
e como um cão ferido rodou a minha capa aos pés.
.
Sempre, sempre te afastas pela tarde
para onde o crepúsculo corre apagando estátuas.

Pablo Neruda
in Vinte Poemas de Amor
e
Uma Canção Desesperada

Foto encontrada na net

13 comentários:

Barbara disse...

Neruda devia ser um amante e tanto!

Dois Rios disse...

Absolutamente belo, querida Baby!

O Neruda sabe, como ninguém, falar da beleza e da dor do amor.

Beijos muitos,
Inês

nova aurora disse...

Por quê e para quê, pedir palavras emprestadas quando se tem palavras ainda mais lindas, mais fortes, mais ternas, mais profundas, mais perfumadas... e ainda por cima frutos de uma vivência permanente e contínua aurora?
Não te esqueças, o sol nasce todos os dias.
Mesmo quando as nuvens o tapam, ele lá continua à espera de uma aberta para te sorrir.

Cadinho RoCo disse...

Do crepúsculo o pensamento em nuvens que formam contornos revelados por tonalidades inacreditáveis.
Cadinho RoCo

Secreta disse...

Este poema é demasiado belo!
Beijito.

Isabel Filipe disse...

Gosto de Neruda ...

e soube-me bem ler aqui este poema ...

beijinhos

tulipa disse...

Minha Querida
todos os anos passo por má e insensível quando demonstro os meus ideais nesta época do ano - sou totalmente "contra" a solidariedade apenas nesta época do ano; eu faço solidariedade todo o ano e por isso me irrita esta fase hipócrita de milhares de pessoas, não alinho, mas também não manifesto mais publicamente (no blog) isso.

Há blogues que não morrem nunca...é o caso do meu "KALINKA"
Ainda hoje pessoas se dirigem a mim chamando-me "kalinka", ficou o nome associado a mais de 3 anos de existência do 1º blog que tive.
Nunca eliminaria nem fecharia as portas do kalinka, pois no meu modo de ver, os blogues são como um diário onde eu me confesso e faço confidências do meu estado de alma; muitas vezes me apetece ir lá relembrar coisas passadas.
Que saudades!!!
Há coisas assim, com um carisma tão grande que toda a gente se lembra delas, nem todos gostam mas todos se lembram. E...marcam fases importantes das nossas vidas. Porque me fui lembrar agora do kalinka, que terminou em Março de 2008...?
...
Beijinhos.

tulipa disse...

Sempre adorei Neruda!!!

Obrigado por me ofereceres Neruda.

mixtu disse...

neruda...

há sempre alguém que se afasta (à) tarde...

abrazo serrano y europeo

Mocho Falante disse...

adoro o jogo de palavras. Obrigado pela partilha

:-)

Nilson Barcelli disse...

O génio do poeta é enorme e está bem visível em exemplos como este:
"Às vezes como uma moeda
acendia-se um pedaço de sol nas minhas mãos."
Querida amiga, excelente escolha. Obrigado pela partilha.
Beijos.

Luiz Caio disse...

Oi Baby! Como vai?

Este poema é muito bonito... Adoro!

TENHA UMA LINDA NOITE!

Beijos

tulipa disse...

Baby...

Baby...

por onde andas???

Queres vir dar uma voltinha pelas avenidas de Paris?
Então, acompanha-me!!!

E...será que queres ver "Vila do Conde" através dos meus olhos?
Estás convidada.

Bom domingo e óptima semana.
Beijos e abraços.

Rosas

Rosas
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